Motos com marcha a ré existem, mas não deviam; entenda

Você já viu alguma moto dando marcha ré? Provavelmente, não. E não devia mesmo, já que o recurso, embora exista em alguns modelos, é completamente inútil — e vamos explicar o porquê nessa reportagem.

Antes, porém, vamos elencar quais são os motivos que fazem a maioria das motos não ser equipada com uma engrenagem que, efetivamente, tenha a função de dar ao veículo a capacidade de rodar para trás.

Em entrevista aos nossos colegas da coluna AutoPapo, do Uol, Bismark do Vale, engenheiro especialista do setor de Pesquisas da Honda, uma das principais fabricantes de motos do mundo, foi direto ao ponto.


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“Para ter o sistema de ré precisaríamos de um outro sistema de engrenagens e, pelo fato de a moto ser leve, a manobra (marcha a ré) é mais eficiente usando os pés”, simplificou, citando que boa parte das motos tem porte pequeno.

Motos estilo Touring, às vezes, contam com marcha ré (Imagem: Jaylee Balch/Unsplash/CC)

Preço é outro impeditivo para motos com ré

Além do fato de motos pequenas serem facilmente manobráveis para trás sem a necessidade de uma marcha específica para realizar o movimento, um outro ponto foi destacado pelo especialista da Honda ao falar sobre marcha a ré em veículos de duas rodas: o preço.

De acordo com Bismark do Vale, a engenharia necessária para desenvolver um sistema de câmbio que contasse com a marcha a ré em todas as motos tornaria os preços, hoje acessíveis especialmente para trabalhadores, bem mais “salgados”.

O engenheiro explicou que as marchas utilizam câmbios sequenciais, ou seja, os engates são feitos de forma linear (1ª para 2ª, 2ª para 3ª e assim por diante), sem a possibilidade de escolher uma específica.

Facilidade de manobrar para trás com os pés justifica ausência de marcha ré na maioria das motos (Imagem: Arseny Togulev/Unsplash/CC)

Se fosse preciso incluir a ré, porém, haveria a necessidade de acrescentar também um mecanismo específico, com engrenagens intermediárias, Isso acabaria demandando mais espaço, ocasionando um peso maior e, claro, custos extras.

Mas, afinal, há motos com marcha ré?

Diante de tudo o que foi explicado pelo engenheiro da Honda, fica, então, uma pergunta: afinal de contas, há motos com marcha ré? E a resposta, amigo canaltecher, surpreendentemente, é que SIM, há modelos com essa (inútil) tecnologia.

Pelo menos quatro motos já foram lançadas — e algumas já saíram de linha — com a tecnologia que permitia dar marcha ré. São elas:

  1. Honda Gold Wing: Muito utilizada para viagens longas, chegou a fazer um certo sucesso. O sistema de ré, porém, é elétrico, e não impacta o câmbio propriamente dito;
  2. BMW K 1600 GTL: Assim como a Gold Wing, também é voltada para o turismo, e tem na marcha ré um de seus diferenciais;
  3. Yamaha Star Venture: Mais um exemplar do segmento Touring que conta com a polêmica marcha ré, a Star Venture, da Yamaha saiu de linha em 2013;
  4. Can-Am Spyder: Talvez a única moto do quarteto que justifique, em partes, a presença de uma marcha ré seja a Cam-Am Spyder. Afinal, trata-se de um exemplar com três rodas (sim, um triciclo) e, a marcha ré, sem dúvidas tem um pouco mais de utilidade para manobras com esse tipo de veículo.

E aí: qual sua opinião sobre motos equipadas com marcha ré? Acham que valeria a pena mesmo se os custos ficassem mais altos? Comentem conosco nas redes sociais do Canaltech, e fiquem ligados no CT Auto para mais conteúdos curiosos como esse.

Can-Am Spyder é uma moto com três rodas e marcha ré (Imagem: Divulgação/BRP)

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